AMOR A DEUS
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Mirem-se no ideal do lírio, que floresce no pântano e tem que permanecer envolvido na luta diária pela existência, defendendo-se, firmando-se e confrontando os impactos de águas lamacentas, tormentas, gritos, choros e das diversas vicissitudes do destino; entretanto, não esquece a lua no alto. Ele mantém seu amor pela lua sempre vivo. Parece, no entanto, apenas a mais simples flor. Nada de extraordinário existe nele. Mesmo assim, essa pequena e simples flor tem uma ligação romântica com a grande lua. Da mesma forma, você pode ser uma pessoa comum, pode passar seus dias em altos e baixos de sua existência terrena e, ainda assim, não esquecer o Ser Supremo. Conserve todos os seus desejos direcionados a Ele. Mantenha sempre seu pensamento sintonizado com pensamento d’Ele. Penetre o âmago daquele Amor Infinito. (Subhásita Samgraha – III)
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No campo da espiritualidade não deve haver nenhum complexo – nem de medo, nem de timidez, nem qualquer outro. As escrituras dizem: “Se você não fizer isso ou aquilo, vai para o inferno”. Devido a isso, as escrituras são as piores inimigas da sociedade humana, porque criam complexos de medo na mente do indivíduo, e esses complexos de medo criam diferenciações na sociedade humana. Esta sociedade é uma – é uma entidade singular. Não pode ser dividida, não deve ser dividida. E nós não permitiremos que tais pessoas criem quaisquer tendências desagregadoras nessa sociedade humana. O que quer que as pessoas façam na sua vida espiritual, existe uma razão – por quê? Porque elas amam a Entidade Suprema. Amor é a primeira palavra – Amor é o ponto de partida, Amor é o ponto de chegada. As escrituras não têm o direito moral de criar complexo de medo na mente humana. (Bábá in Fiesch)
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Agora, esta meditação (sádhana) para a união, para a completa unificação, começa com o amor temeroso. Mas o amor precisa estar lá. A menos que haja amor, não pode haver unificação. Portanto, precisa estar lá, mas começa com o amor temeroso e finda com o amor sem medo: e o espaço entre o amor temeroso e o amor sem medo é o espaço da meditação (sádhana). O que é meditação? Meditação é a transformação do amor temeroso em amor sem medo. (“The Stance of Salvation”)
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A vida de uma pessoa se torna uma vida mecanizada se ela fica imbuída do sentimento de que deve praticar tais atos, fazer tal serviço, levantar-se dessa forma, sentar-se dessa maneira, e assim por diante. Nessas circunstâncias a felicidade desaparece. Por isso, tal ritualismo não pode ser chamado da verdadeira “ação correta” (karma). Servir aos outros com dedicação é penitência (tapah). Na ausência de amor, o serviço e a penitência feitos por mero exibicionismo são infrutíferos. Toda devoção ritualística ou falsa penitência é um mero exibicionismo. O amor verdadeiro e a Meta Suprema se perdem. O Supremo não pode ser alcançado através de nenhuma ação exibicionista, porque nos pensamentos ritualísticos falta a doçura da felicidade. A Beatitude Divina é facilmente alcançável apenas por aqueles que baseiam suas práticas espirituais (sádhana) no amor. (Subhásita Samgraha – I)
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Aquilo que torna a mente leve, forte e vigorosa, de modo a manter-se num estado equilibrado, mesmo numa condição de dor – aquilo que perpetuamente cria um sentimento interno prazeroso é chamado de amor. A devoção é idêntica ao amor. No momento em que a devoção é despertada, o amor por Deus surge. (“Salvação e Devoção”)
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Outro ponto a lembrar é que a realização do Ser Supremo só acontece para aqueles abençoados por sua compaixão. Você não deve sentir que faz muito e que Deus tem que inundá-lo com Sua Graça. É melhor que você sinta que cabe a Deus dar-lhe Sua Graça ou não. “Este meu corpo vai trabalhar como uma máquina até que Vós me deis a graça do amor” – esse deveria ser o seu sentimento. Se você estiver orgulhoso de suas ações, esse orgulho permanecerá, e a Graça de Deus não virá. (“Deus está com você”)
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Não é sábio abandonar o mundo, deixar de lado o serviço à Humanidade e ir para os Himalaias para obter a Consciência Suprema. Ora! Este universo em si é a Consciência Suprema – para onde você poderia ir ao abandoná-lo? No mundo, uma pessoa pode pensar que é incapaz de concentrar a sua mente por causa do alvoroço; mas na caverna dos Himalaias, ela pensará que não pode obter uma fruta doce numa determinada floresta, e no dia seguinte irá catar ameixas maduras a cinco ou seis quilômetros numa outra floresta. Em qualquer lugar, ela não estará livre. Se a Consciência Suprema não quiser que você A conheça, então você não será capaz de atingi-La, em lugar algum. Se Ela desejar que você a alcance, você a terá aqui e agora. O que Ela vê é a sua aspiração por Ela. Lembre-se de que a cada passo da sua vida Ela está testando se você tem sido capaz de despertar na sua mente o amor por Ela. Ela está testando se você A quer, ou se quer objetos mundanos. (“Nitti e Dharma”)
INTELECTO E INTUIÇÃO
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O maior tesouro dos seres humanos – aquilo que os distingue das outras criaturas – é a sua superioridade intelectual. Não houvesse inteligência nos seres humanos, eles quase não seriam diferentes dos outros animais. Essa consciência filosófica conduzirá a Humanidade a uma intelectualidade ainda maior. E essa busca constante da intelectualidade, o levará ao seu ponto máximo, onde começa a intuição. Assim, para a prática intuitiva, o intelecto é extremamente útil. Esse caminho da prática espiritual não dispensa o intelecto ou a intuição, pelo contrário, é baseado na intuição. Não há espaço para superstição ou fé cega. O intelecto vai facilitar o progresso pleno da Humanidade e manifestar a mais alta excelência humana. (“The Faculty of Knowledge”, Calcutá, 1980)
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Na esfera humana, não é a força física, mas sim o poder intelectual que é vitorioso. A força física de um elefante é descomunal, mas um pequeno homem pode guiá-lo com seu poder intelectual. Isto acontece em todos os campos da vida. Assim, quando os seres humanos adentram no mundo interior, eles descobrem que sua riqueza real consiste em aumentar sua força psíquica. E, gradualmente, com o aumento de sua força psíquica, entram em contato com a espiritualidade. Eles descobrem que, por trás de seu poder psíquico, há outra força operando, e que, graças a essa força, eles obtiveram poder psíquico. Então, os seres humanos inventaram as práticas espirituais. Perceberam que a Consciência Suprema é tudo. Assim, a seguinte ideia surgiu em suas mentes: “Que portentoso intelecto deve ter o Ser Supremo, Aquele Ser de quem o ser humano herdou seu intelecto!” Logo, para a evolução no nível psíquico, os seres humanos deveriam pensar n’Ele – a ideação n’Ele aumenta seus intelectos. Nesse processo, a Consciência Suprema passou a ser o objeto de suas mentes. Diferentemente dos animais, suas mentes começaram a idear na Consciência Suprema. (Notas de Seminário, 1980)
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Quando as pessoas guiadas por seu próprio intelecto experimentam os altos e baixos do mundo, percebendo que seu intelecto é pequenino e inapto para realizar grandes ações, elas não têm outra opção senão unir suas mentes com a Mente do Supremo. Assim, suas mentes serão convertidas na Mente Cósmica, e quaisquer ações que executem serão ações corretas. Por isso, aqueles que são sábios tentarão imergir suas mentes na Mente Suprema. Apenas isso será o símbolo de sua sabedoria. Quando não é evoluída integralmente, a pessoa quer executar ações com o seu próprio intelecto; mas, quando está suficientemente evoluída, ela começa a pensar que seu intelecto não é suficiente para realizar qualquer ação. Esta é a lei do mundo: aqueles que possuem intelecto suficiente dizem que não possuem nenhum, mas aqueles que não têm nenhum se orgulham de que têm muito. A maneira de obter muito conhecimento é compreender que não se tem nenhum conhecimento. (Karama Samnyása e Parabhakti)
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A menos que desenvolva a psicologia de que “eu nada sei”, uma pessoa não será capaz de conhecer nada. Esse é o espírito fundamental ao verdadeiro aspirante espiritual. (Caryácarya II)
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Quando a intuição é desenvolvida, você se torna um com a Consciência Suprema; você se torna onisciente – você nem precisa de um corpo físico. Você não precisa ler tantos livros – o universo está dentro de você, você se torna onisciente. Você conhecerá a história da Espanha sem precisar ler livros. Quando a sua existência se aproximar da existência da Consciência Suprema, quando ambos os núcleos coincidirem, você conseguirá o que deseja, e isso se chama salvação. (Bábá in Fiesch, 1980)
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Torne-se um com Ele e você conhecerá tudo. Se você quer saber tudo, tente conhecer o Único. Se você tentar saber tudo, não será capaz de saber nada. (Notas de Seminário, 1980)
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Uma vez que você foi abençoado com essa estrutura humana, seja 100% humano. Até mesmo os maiores filósofos e pensadores, como Tagore, usaram somente 1% do seu potencial. Você pode desenvolver o seu potencial total através da prática espiritual (sádhana). Você deveria usar todas as suas capacidades – física, intelectual e espiritual. Você precisa converter a energia física em energia intelectual, e esta em energia espiritual. A energia intelectual é mais poderosa do que a física, e a energia espiritual é a mais poderosa de todas. Atualmente, são os intelectuais que estão desencaminhando a sociedade, porque eles não desenvolveram a espiritualidade. Todos os problemas do mundo são devidos a isto – extravagância intelectual. (Supreme Expression I)
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Por trás de todo conflito, crueldade e desconfiança na Humanidade, há o intelecto desorientado. Isto é, o intelecto não está se movendo no caminho certo – não está vinculado ao bem-estar coletivo. Até que algumas mudanças sejam efetivadas na mente humana, nenhuma solução mundial permanente será possível. (Visão Cósmica, 1979)
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O que quer que se faça para agradar à Consciência Suprema é chamado de devoção. Deve-se servir ao universo com essa ideação. No início há o sentimento de autoria, mas gradualmente a pessoa começa a se dar conta da fonte de suas energias e capacidades. Serão elas suas próprias possessões ou criações? Mesmo o mais forte dos lutadores ficará debilitado e será incapaz de falar se ele não se alimentar por alguns dias. A sapiência de um erudito se evaporará se você o mantiver sem comida por uma semana. Assim, todo o seu conhecimento, intelecto, capacidade e valor dependem da Consciência Suprema. É por isso que não há nada de que alguém possa se orgulhar. No momento em que se entende isso, mergulha-se na devoção e somente então se é capaz de perceber que se está trabalhando de acordo com o desejo do Supremo, com o seu próprio intelecto e capacidades. Essa é a característica e o sentimento de um verdadeiro devoto. (“Salvação e Devoção”)
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Aprendizado, conhecimento ou quaisquer outros ganhos são insignificantes, exceto por duas razões – fé implícita e sinceridade. Desperte essas duas qualidades através da sua força de vontade, e a vitória será sua. (Subhásita Samgraha IV)
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Para tornar-se autopurificado(a), deve-se fazer algum esforço. Esse esforço é conhecido como prática espiritual (sádhana). A prática espiritual mais elevada é a aquela que consiste em devoção, ação e conhecimento. A prática espiritual mediana é aquela que consiste em devoção e ação; e a prática espiritual mais inferior é aquela que consiste na somente na expressão oral. O conhecimento não pode existir sem ação e devoção – o que existe nesse caso é o refugo do conhecimento! A capacidade de um aspirante espiritual não é avaliada com base em seu conhecimento mundano ou comum. Ela é avaliada pela firmeza ou pela constância do seu conhecimento, devoção e ação. Por firmeza, eu quero me referir ao fervor ou à seriedade de inabalável intensidade. (Subhásita Samgraha II)
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Suponha que intelectuais e devotos se aproximem de uma grande mangueira ao mesmo tempo. Os devotos sobem na mangueira e começam a comer as mangas, felizes da vida. Mas os intelectuais apenas observam a uma certa distância, e começam a analisar quantos galhos a árvore tem, quantos ramos e assim por diante. Eles se envolvem em cálculos e mais tarde se dão conta de que não sobrou nenhuma manga – todas elas foram comidas pelos devotos. (“Iistá and Adarsha, Ideology and Goal”)
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O Ser Supremo inspira você a realizar a prática espiritual (sádhana), fornece-lhe intelecto e força – entregue-se à vontade d’Ele. Livre-se do peso da vaidade. Torne mais leve o fardo da sua vida, e deixe-se levar pelo curso da vontade do Supremo. É Ele quem está lhe ensinando a prática espiritual (sádhana) na forma de um Mestre (Guru). Você está mendigando Vossa misericórdia por tudo, dia e noite. Continue trabalhando desinteressadamente como uma máquina, deixando a autoria para Ele. Quão pouco de Seu inescrutável Jogo Cósmico (Liila) pode o seu pequeno intelecto compreender! Quão pouco isso pode ser analisado! Então, em vez de analisar Seu jogo, apenas mantenha a inspiração daquele Prestidigitador insondável, sempre radiante, diante de seus olhos. (Subhásita Samgraha IV)
SERVIÇO
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Você sabe que, quando se troca uma coisa por outra, quando é um ato recíproco, chama-se a isto de negócio. Mas quando você dá e não recebe nada em troca, isto é serviço. Essa é a diferença fundamental entre serviço e negócio. Em muitos jornais você encontrará anúncios sobre uma determinada empresa que tem prestado serviços às pessoas em certo ano. Essa é uma informação equivocada – isto não é serviço, é negócio. Uma vez que o Cosmo em sua totalidade é o Ser Supremo, é Sua criação, o serviço a essa criação é serviço ao Ser Supremo. Onde quer que você esteja, seja como uma pessoa de família ou como um renunciante, você deve prestar serviço a todos os seres desta criação, mantendo a ideação de que o ser Supremo está em todas as entidades individuais. Para se precaver do egoísmo, você deve ter em mente que, ao assumir uma determinada forma, o Ser Supremo lhe deu essa chance de servi-lo. É para o crédito d’Ele que, na forma de uma pessoa enferma, desamparada, ou de um mendigo, Ele está aceitando seu serviço, e dando gratificação interior a você. Não tivesse Ele surgido nessa forma, você não teria sido abençoado com essa grande oportunidade. (“Bhagavata Dharma”)
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Na meditação sempre deve haver o sentimento de que você quer servir o Infinito. Se esse for o sentimento, a mente imediatamente se concentra. Se houver a culminação do serviço na meditação, tudo será alcançado. Mesmo através das lições preliminares de meditação (Nama Mantra), um aspirante espiritual pode obter a salvação, e mesmo aquele que pratica a meditação mais elevada (Vishesh Yoga) pode não obtê-la se não houver o sentimento de serviço, e se a meditação for feita meramente por exibicionismo de seu esforço heroico. Quando o serviço interno não é feito apropriadamente, o externo também não o será; é por isso que se diz: “Autorrealização e serviço à Humanidade”. Na “autorrealização” há o serviço interno; e no “serviço à Humanidade” há o serviço externo. Ambos são necessários. Através do serviço externo a mente é purificada, e tendo a mente purificada, qualquer pessoa pode fazer o serviço interno. (“Bhagavata Dharma”)
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Faça todo o bem que puder, de todas as maneiras que puder, em todos os lugares que puder, a todas as pessoas que puder, pelo maior tempo que puder. Evite o jogo de palavras e estabeleça-se na virtude da ação. (Calcutá, 1981)
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É a ação que torna a pessoa grandiosa. Seja grandioso por sua sádhaná (prática espiritual), seu serviço e seu sacrifício. (Ánanda Vánii, 1º de janeiro de 1964)
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Quando você presta serviço a qualquer pessoa, você deve mentalmente dirigir-se a Ele com sincera devoção: “Ó Senhor, Ó Ser Supremo! Dai-me a graça de aceitar os meus serviços. Vós sois misericordioso para comigo, e, por essa razão, Vós surgirdes diante de mim como um ser vivo, para me oferecer esta preciosa oportunidade de Vos prestar serviço.” Ao manter esse sentimento, a vaidade não emergirá em você, nem tampouco as reações de suas ações o manterão aprisionado. A principal causa do apego aos frutos da ação é a vaidade ou a ânsia pela fama. Suponha que uma pessoa doe dez mil reais para uma determinada instituição. No dia seguinte ela procura ansiosamente o seu nome nos jornais. Se o seu nome não aparecer nos jornais, com um ar presunçoso, ela se vangloriará aos parentes: “Eu doei dez mil reais, mas eu não quero obter notoriedade, por isso, não coloquei meu nome no jornal”. O desejo pela fama está oculto na mente daquela pessoa. É óbvio que ela não fez a doação com o espírito de servir. Mas, quando você executa as ações transplantando a ideia de Deus na pessoa servida, não há qualquer possibilidade de arrogância nem surge na sua mente a ideia de obter fama. Nesse caso, você se dá conta de que, através da graça divina, tem a oportunidade de servir a Deus. Nossas mãos e nossos pés não são nossos, são d’Ele, e, servindo a Si mesmo, com essas mãos e esses pés, Ele brinca consigo mesmo. (Subhásita Samgraha I)
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Ao ajudar uma pessoa, se você ajudá-la demais ela se tornará uma inútil. Assim, quando quiser ajudar alguém, você deve ajudar um pouquinho no começo, depois um pouco mais, de tempos em tempos, e não fazer tudo de uma vez. Sua política deve ser a de ajudar a pessoa de acordo com as necessidades dela, nem mais nem menos – pois, do contrário, ela não buscará o seu próprio desenvolvimento. Ajude um pouco, deixando a pessoa levantar-se por si mesma, e ela automaticamente assumirá suas responsabilidades com seu próprio espírito e suas próprias ideias. (Supreme Expression - II)
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Ninguém neste mundo está desprovido de força. Quem quer que tenha vindo a esta Terra foi abençoado com uma certa força. Quando estamos andando, falando, fazendo acusações, fofocando – estamos desperdiçando o nosso tempo. Quando chega a hora de trabalhar, algumas pessoas dizem que elas não têm capacidade para executar seu trabalho. Mas quando executam ações impróprias, aí elas demonstram muito vigor. Qualquer que seja a sua força, você deve utilizá-la ao máximo. Fique certo de que, se você utilizar sua força para tarefas positivas, e ainda houver necessidade de mais força, o Senhor lhe dará o que for preciso. Todos os poderes vêm de Deus, sejam físicos, mentais ou espirituais. O Ser Supremo concede esses poderes àqueles que estão engajados no trabalho pelo bem-estar dos outros, fazendo ações benevolentes. Você não precisa pedir que Ele lhe dê força. Deixe isso por conta do Senhor. (Supreme Expression)
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Sempre que pensar em fazer boas ações, não hesite – faça-as imediatamente. Sempre que pensar em fazer más ações, procrastine, de modo que a vontade de fazê-las possa desaparecer da mente. (Supreme Expression) O devoto não deve apenas cantar canções espirituais (bhajans) e kiirtans. Esse não seria um devoto maduro! Aqueles aspirantes espirituais que se movem rapidamente no caminho da evolução para a Consciência Suprema nunca serão cegos ao sofrimento de incontáveis pessoas ao seu redor, devido à falta de um sistema social consistente, de um sistema econômico sólido e de sentimento humano. Se alguém for cego à maneira doentia como é gerido o sistema social, ele ou ela não poderá compreender inteiramente a Consciência Suprema. Se fizer assim, terá a abordagem subjetiva, mas não o ajuste objetivo. Mas quando os devotos se moverem em direção ao Supremo, sua abordagem será “Autorrealização e serviço à Humanidade.” Eles se moverão para a Consciência Suprema ao servir à Humanidade. Quando a Humanidade é negligenciada, a “autorrealização” é igualmente destruída. Portanto, o devoto deve estar pronto para servir à Humanidade. Os aspirantes espirituais que não prestam serviço social não têm a verdadeira devoção. Em sua devoção encontra-se o egoísmo. Os devotos que são egoístas não chegam até Deus. Aqueles que são devotos são trabalhadores. Nunca estarão receosos do trabalho. Farão o máximo de trabalho. (“Astitva and Shivatva”)
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Após milhões de vidas animais, os seres criados alcançaram a forma humana. Por isso, todas as escrituras se referem à raridade da vida humana. Os sábios fazem utilização apropriada de todos os objetos – e apenas a utilização apropriada do objeto confere valor à sua existência. Você atingiu a forma humana e precisa torná-la expressiva com sua meditação, seu serviço e seu sacrifício. Mantenha-se engajado em buscas proveitosas de tal modo que até o pior dos inimigos não possa ter qualquer chance de depreciá-lo; estabeleça-se num modo em que esteja mentalmente satisfeito, com a sensação de jamais ter desperdiçado o seu tempo nesta Terra. (Ananda Vánii, maio 1970)
LUTA CONTRA OS OBSTÁCULOS
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O que é meditação (sádhana)? Meditação significa esforço. Esforço para quê? É um interminável esforço para tornar-se um com o Núcleo Supremo. É um incessante esforço para obter a perfeição a partir da imperfeição. Agora, nenhum movimento neste universo é possível sem se defrontar com oposição. Onde quer que haja movimento há oposição também. O resultado dessa luta contra a oposição é chamado progresso. Quanto mais se deseja prosseguir vigorosamente em direção à meta, mais se deve lutar contra a oposição. Portanto, aqueles que têm aversão à luta jamais progredirão. Eles não só ficam para trás, como também não podem progredir. É por isso que a luta é a essência da vida. Aqueles que evitam a luta e que equivocadamente interpretam a luta como se fosse violência não têm lugar neste mundo. (“Cosmic Vision”, janeiro de 1979)
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Aquele que quer atingir a meta não deve se deter pelos obstáculos encontrados no caminho. Se a pessoa pensar nos obstáculos, eles se tornarão a meta, e não o Ser Supremo. É por isso que, na esfera da meditação espiritual (sádhana), deve-se sempre pensar no Supremo e em nada mais. Ao se pensar na meta, se algum sentimento contrário vier à mente, não se deve pensar nele. “De onde vêm esses obstáculos?”. Esse não deveria ser o tópico da discussão. “O que devemos alcançar?” – esse sim deve ser o tópico a ser discutido. Para estabelecer o reino dos céus neste mundo, aqueles com incansável ideação cósmica têm de lutar internamente contra os demônios de suas próprias fraquezas e defeitos. Mas lembrem-se de que esse “demônio” não é sua meta, então, não pensem nele. Qualquer que seja o obstáculo nessa sua marcha em direção ao Ser Supremo, não deve haver comprometimento com esse obstáculo. É por isso que eu digo: este é o caminho da bravura, este não é o caminho da insignificância – e não há lugar para a covardia. O aspirante terá que lutar ininterruptamente, sem pausa. (“Brahmabháva and Human Life”)
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As dificuldades jamais serão maiores do que a sua capacidade de solucioná-las. (Supreme Expression I)
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A principal característica do Tantra (expansão espiritual) é a de que ele representa uma luta vigorosa. Representa uma luta sem trégua. Onde não há luta, não há prática espiritual (sádhana). É impossível vencer uma ideia rude e substituí-la por uma ideia sutil sem que haja luta. Isso absolutamente não é possível sem a prática espiritual. Por isso, Tantra não é apenas uma luta, é uma luta total. Não é só uma luta externa ou interna, são ambas, simultaneamente. (“Tantra and Its effect on Society”)
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Seria possível obter posições honrosas, status e outras coisas que almejamos neste mundo material sem luta? E quando levamos em conta nossa aspiração pelo desenvolvimento e o progresso no mundo mental, vemos que isso também não pode ser atingido sem luta. É por isso que, em qualquer lugar, seja na esfera rude ou sutil, a luta é a essência da vida. Logo, Tantra traz benefícios não somente no mundo espiritual, mas também nas esferas materiais e rudes da vida. Aqueles que brilham e despertam seu vigor no reino físico e mental, lutando contra as tendências rudes, tornam-se super-humanos em suas formas humanas. As personalidades com vigor e vitalidade plena obtêm aprovação por toda parte. (“Tantra and Its Effect on Society”)
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Aqueles que praticam Tantra (chamados de tântricos) devem empreender uma luta contra todas as forças brutas, um esforço incessante contra a desigualdade e a covardia. O estabelecimento da igualdade só é possível pelos tântricos e não pelos não tântricos. É claro que 100% de igualdade é uma impossibilidade não só na esfera material, mas também no campo mental e espiritual. Assim, os tântricos devem continuar sua luta ininterruptamente. Onde haveria oportunidade para eles descansarem? (“Tantra and Its Effect in Society”)
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Não compare a vida a uma poça de água podre e estagnada. A vida se compara a um riacho de fluxo contínuo. Sua natureza é remover para as margens as “pedras” de impedimentos e dificuldades, e avançar em velocidade vibrante. Portanto, é evidente que uma pessoa que queira manter-se distante de obstáculos perdeu o Dharma (a essência) da vida. Na verdade, ela está morta; o cemitério – e não a sociedade – deveria ser o seu lugar. (Ánanda Vánii, janeiro - 1958)
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Na vida individual e coletiva, os obstáculos são criados pela força da ignorância (Avidyá). Na luta contra a ignorância, se o sentimento pelo Ser Supremo for mantido sempre em mente, então, a ignorância será superada. Existem diferentes efeitos dessa força da ignorância: 1) Falta de discernimento: Quando as pessoas ficam cegas pelo desejo por objetos mundanos e perdem o discernimento, elas se esquecem do Infinito e começam a se entreter com o mundo finito. Nesse momento, elas entendem que a coisa relativa é absoluta, e ficam confusas. Passam a utilizar sua energia de maneira errônea, esquecendo-se de que nada veio a este mundo para sempre. Essa ganância, essa estreiteza mental, essa confusão por considerar a dor como prazer, nada mais é do que um jogo de ignorância. Por exemplo, um cachorro abocanha um osso e começa a roê-lo. Suas gengivas começam a sangrar e, pensando que o sangue vem do osso, ele considera o osso mais delicioso, então, mastiga com mais força – quanto mais sangra, mais ele pensa que está obtendo prazer. Se os seres humanos entendem que as coisas criadas pertencem a eles, então isso não é nada mais do que ignorância. Alguém pensa “meu” dinheiro, “meu” filho, “minha” casa, etc. – as pessoas pensam que se tornarão infinitas acumulando coisas desse gênero. Na realidade, um dia, tudo isso irá para longe, muito longe delas. Não restará nada que elas possam considerar como sendo delas. Para se lembrar desse fato, para compreender corretamente esse efeito da força da ignorância, elas terão de fazer práticas espirituais, caso contrário, serão incapazes de escapar das garras dessa perigosa força da ignorância. 2) Sentimento de ego (autoria): Isso significa tomar toda a responsabilidade de uma ação para si. O que quer que se faça com a ajuda dos órgãos motores, essa ação não pertence aos órgãos – sem a Alma testemunhal, toda a energia dos órgãos seria como nada. Se os olhos de um defunto olhassem para um elefante, mesmo assim eles seriam incapazes de enxergar, porque o ato de ver não seria testemunhado pela Alma. Mas os seres humanos, devido ao seu ego, pensam que são os autores e ficam confusos. O(a) aspirante espiritual deverá lembrar-se de que a luz do Infinito está refletida na sua mente – é por conta disso que seus órgãos têm a capacidade de funcionar. 3) Desejo de prazer mundano: devido à influência da força da ignorância, as pessoas pensam que ao comerem alguma coisa se sentirão satisfeitas; se vestirem alguma roupa se sentirão bem vestidas; se agirem de certo modo, ficarão bem. Através de diferentes objetos, elas desejam e anseiam por prazer. Os seres humanos vivem para realizar a Bem-aventurança, e por essa razão eles buscam diferentes objetos. Eles não querem compreender que, se não for por meio da Consciência Suprema, nenhum objeto poderá dar-lhes Bem-aventurança ilimitada. 4) Aversão: Isso é o oposto de apego. Sempre que as pessoas encontram um objeto que cause dor, elas tentam substituí-lo por outro. Muitas confusões no mundo se devem a isso. 5) Falta de determinação: Certo dia, um homem, mesmo sabendo que beber álcool é um hábito muito ruim, fez a promessa de que pararia de beber e viveria sua vida de maneira muito controlada. Naquele dia ele também foi, como de costume, ao bar. Com grande determinação, ele passou pelo bar e então disse à sua mente: “Ah mente, você é grandiosa! Agora vou lhe dar um bom prêmio. Vou beber até cair”! (“Brahmabháva and Human Life”)
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A guerra é uma mancha negra no caráter humano. Na vida individual ou coletiva podemos lutar, mas a guerra é baseada em ódio e tendências desagregadoras. E não seria isso uma coisa negra? Luta e guerra não são sinônimos. Enquanto a guerra nasce do ódio, a luta faz parte da vida. A guerra transforma tudo em trevas; ela obscurece o futuro. Deixemos que a vida seja brilhante, tanto individual como coletivamente. Lutemos contra essas tendências desagregadoras que querem tornar nossa vida obscura. A luz é bela porque é luminosa. Quando não existia criação havia apenas uma cor – a cor negra. A ausência de vida é negra. Após o surgimento da criação, vemos este bonito jogo de cores. Por que devemos nos perder na escuridão? Todos os seres humanos querem luz. Apenas o ser humano é mais luminoso e pulsante do que essa escuridão universal. Assim, os seres humanos devem ser sempre otimistas. A escuridão ciméria não será capaz de retardar o seu progresso, não será capaz de cobrir a luz do coração humano. O espírito do seu coração precisa avançar cada vez mais, enfrentando os obstáculos. Afaste os obstáculos com os pés como se afastam os seixos do caminho – você é mais forte do que seus obstáculos. (Bábá in Fiesch)